domingo, 26 de julho de 2009

A ERVA DO AMOR

Este texto que eu quero dividir com vocês é fruto de uma extensa pesquisa feita por mim para o book de tendências +B _ Inspiração Brasil _ Verão 2010, da Associação Brasileira de Estilistas [www.abest.com.br], que reúne algumas das melhores marcas de moda do País, entre elas Rosa Chá, Ronaldo Fraga, Lenny e Reinaldo Lourenço. A brilhante publicação foi coordenada por Rose Andrade, uma profissional ultraperfeccionista e talentosa, que me encomendou o trabalho que vocês podem ler a seguir. Na foto, dá para conferir o resultado da edição, que ficou ainda mais bacana junto com a ilustração de Melissa Lagoa. Pra completar, Rose ainda teve a ideia de colocar um adesivo que ao ser puxado sentimos o cheiro de alfazema. Luxo total.

Alfazema, a erva do amor
Perfume tem o poder de despertar uma incrível sensação de bem-estar. Desde a Antiguidade o homem tem feito das fragrâncias suas fiéis aliadas. Seja como armas de sedução ou símbolos de fé. Sagrado e profano em profícua conjunção. Cheiro bom do sincretismo que agrega peles, raças, religiões. Registro de emoções dos tempos passados e de outros que estão por vir.
Respiração e perfume se irmanam. Pois o ar necessário à sobrevivência nos invade da mesma maneira que os odores. De todos os sentidos humanos, o olfato é o único vital.
Durante nossa existência, colecionamos olfativamente as mais diferentes sensações. O perfume de terra molhada quando chove. Da maresia nas férias curtidas á beira-mar. Quem sabe do jasmineiro que, ao anoitecer, exala uma fragrância adocicada. Ou da suave alfazema presente na infância. Seiva de um Brasil rico em cheiros.
Ramos de alfazema [cultivada pelas famílias nos jardins de casa] costumavam ser colocados dentro dos travesseiros. Sabedoria popular. Alfazema purifica, acalma, alivia dores de cabeça e tonturas. Estudos científicos já constataram que o seu cheiro é eficaz até para curar insônia.
A História comprova: alfazema perfuma os espaços terreno e divino.
No Brasil, é batizada como “erva do amor”. Seu banho deixa a pessoa mais atraente. Por outro lado, ela suscita desconfiança. Reza a lenda que cobras venenosas se escondem embaixo dos seus arbustos, fazendo desconfiarem da planta. Inocente, ela é sinônimo de lavanda e produz uma singela flor azul-arroxeada.
A alfazema também ganha a dimensão espiritual no espaço do imponderável. Perfuma os rituais do candomblé quando é acrescentada à água-de-cheiro [ou “amassi”], em cujo preparo se misturam folhas odoríferas maceradas em água. Está presente ainda em manifestações populares na Bahia, como a tradicional Lavagem do Bonfim e o desfile do bloco Filhos de Gandhi, no Carnaval.
Diz-se que quando um “Gandhi” borrifa com alfazema uma foliã, esta não resiste ao seu encanto...

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